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APMT - Linha do tempo

DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA (DMT/APM)

Linha do tempo

(1952-1989)

Pesquisa e texto: Lô Galasso São Paulo, agosto de 2020

“Quando se faz um exercício de recuperar a história, podemos compará-lo a um braseiro em que as brasas estão recobertas pela cinza do tempo. À medida que se vai soprando, as brasas se tornam vivas, retornando ao seu estado normal de brasas e espargindo o calor das lembranças.”

Prof. Jorge da Rocha Gomes

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Sumário

Apresentação ................................................................................................................ 02 Antecedentes ................................................................................................................ 03 A criação do Departamento de Medicina do Trabalho da APM .................................. 08 Destaques da atuação do DMT nos cenários nacional e internacional ....................... 12 O Departamento de Medicina do Trabalho da APM aos 68 anos ............................... 16 Quadro – Composição das Diretorias e Sessões ordinárias do DMT/APM ................. 18 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 45

ANEXO I – Exemplos de resumos de trabalhos de outras especialidades médicas publicados na Revista da APM entre os anos de 1938 e 1950 sobre temas de saúde relacionados ao trabalho ............................................................................................. 46

ANEXO II - Exemplos de resumos de trabalhos apresentados ao DMT e publicados na Revista da APM nos anos de 1952 e 1953 .............................................................. 49

ANEXO III – Página inicial de texto técnico pertencente ao acervo do DMT, sem Indicação de autoria ..................................................................................................... 52

Apresentação

Recuperar a história de uma organização é sempre um desafio.

Além da análise minuciosa do acervo documental existente, recorre-se à narrativa dos fatos por parte daqueles que lideraram sua criação, e das demais pessoas cujas reminiscências possam ajudar a completar lacunas de informação ou enriquecer a interpretação de certos acontecimentos.

O esforço de recuperar a história da criação do Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina, fundado em 1952, mostrou-se particularmente desafiador, por duas razões: o acervo documental disponível apresenta muitas lacunas, e o pequeno grupo de pioneiros responsável pela sua criação já não se encontra entre nós. Segundo a Dra. Vera Lúcia Zaher-Rutherford, médica do trabalho com ampla vivência associativa, atual Diretora Sociocultural Adjunta (2019-2022) e ex-Diretora Científica da APMT, alguns registros dessa história foram perdidos por causa de um incêndio ocorrido na sede campestre da Associação Paulista de Medicina, no passado.

O relato aqui apresentado pôde ser desenvolvido graças a duas grandes figuras da Medicina do Trabalho brasileira: os professores Luiz Carlos Morrone e Jorge da Rocha Gomes. Há alguns anos, Morrone (1944-2014), criador do Ambulatório de Doenças Profissionais da Santa Casa de São Paulo – entre tantas outras colaborações relevantes à área –, alguns anos antes de seu falecimento pediu ao decano da área, Jorge da Rocha Gomes, que registrasse suas memórias a respeito da criação do DMT/APM.

Gaúcho de nascimento e paulista de coração, o professor Jorge ingressou no DMT/APM em 1969, ano em que finalizou o Curso de Saúde Pública, com ênfase em Saúde Ambiental, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Naquele curso, foi estimulado por Edgard Raoul Gomes, médico do trabalho, então Diretor licenciado da Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho (DHST), a se dedicar à Medicina do Trabalho. Depois de uma longa e bem sucedida carreira como médico da Volkswagen, professor, consultor e mentor de quem dele precisasse, o Prof. Jorge, hoje (2020) com 85 anos, segue em plena forma, exibindo sua invejável memória, sua verve incomparável, a sensibilidade e a generosidade de sempre.

Com suas Reminiscências, ele prestou uma justa homenagem à primeira geração da Medicina do Trabalho, que como ele mesmo, tantas conquistas importantes legou ao país e aos profissionais da área. Fica aqui nosso agradecimento especial, pela importante contribuição que emprestou a este trabalho.

Agradecemos também ao Prof. René Mendes, pelas importantes informações fornecidas, assim como por suas valiosas interpretações, fruto de uma visão em perspectiva construída por meio de décadas de pesquisas e atuação profissional na Medicina do Trabalho nacional e internacional.

Finalmente, agradeço à Prof. Flávia Souza e Silva de Almeida, Presidente da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (gestão 2019-2022) pela honra do convite para que eu realizasse este trabalho.

L.G.

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DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO

DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA (DMT/APM)

Linha do tempo

(1952-2020)

Lô Galasso1

Antecedentes

Anos 1930

Ações incipientes na área de Saúde e Segurança do Trabalho no Brasil remontam aos anos 1930, com os esforços do governo federal para criar estruturas técnicas e institucionais voltadas para melhorar as condições de trabalho e favorecer o desenvolvimento econômico. Em 1934, foi instituída uma Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, no âmbito do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), criado anos antes (1931) no Rio de Janeiro, então capital da República. (SOUTO, 2013).

Naquele mesmo ano, e junto ao mesmo Ministério, foi criado o cargo de Inspetor Médico do Trabalho,

“com atribuições de administrar os problemas de saúde de uma razoável parcela da população, os trabalhadores (...). É a partir desse momento que se pode identificar o primeiro interesse prático pela concretização de uma política de saúde do trabalhador e pela salubridade das condições de trabalho, relacionado sem dúvida com o movimento geral de criação de um mercado de trabalho, ao longo do qual se processavam fluxos migratórios de mão de obra para suprir o espaço dinâmico da industrialização, vindos de áreas do País onde eram comuns endemias rurais.” (op. cit., p. 143).

1Lô Galasso é Cientista Social, Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP e Escritora. É autora, entre outros, do livro ANAMT, 50 anos em 50 histórias. São Paulo: ANAMT, 2018.

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Anos 1940

Esta década foi marcada por uma série de iniciativas que impulsionaram significativamente o campo da higiene industrial, como era denominada então a área que passou a se ocupar dos aspectos da saúde e da segurança relacionados ao trabalho.

Tem início, em São Paulo, o ensino de Higiene Industrial, no Instituto de Higiene da USP, hoje Faculdade de Saúde Pública. Era titular da cátedra o Prof. Benjamim Alves Ribeiro, médico pioneiro que, após formação em Saúde Ocupacional nos Estados Unidos, foi responsável pela formação dos primeiros médicos do trabalho do país, dentre os quais, os Professores Oswaldo Paulino, Diogo Pupo Nogueira e Antônio Ferreira Cesarino Júnior. (MENDES, 2013).

Remontam à década de 40 as primeiras pesquisas sobre a relação Saúde e Trabalho no Brasil, originadas por pesquisadores de diferentes especialidades médicas, como: cirurgia geral, ortopedia, traumatologia, dermatologia, pneumologia e outras. São Paulo, então sede do maior parque industrial do país, concentrava a maior parte dos estudos. Contar com mão de obra saudável e produtiva, um dos imperativos do progresso industrial, pressupunha compreender os fatores de adoecimento e de acidentes do trabalho que se verificavam na indústria paulista.

Segundo o Professor e Pesquisador Dr. René Mendes, membro fundador da SPMT, os estudos citados eram realizados à luz dos conceitos da Medicina Legal, que foi um dos pilares do desenvolvimento inicial da Medicina do Trabalho:

As publicações e os estudos feitos sob o viés da Medicina Legal, particularmente a partir da gestão do Prof. Flamínio Fávero, tanto na Faculdade de Medicina, como professor, como também nas lideranças médicas de São Paulo, Conselho de Medicina, na própria APM, na AMB, e na revista que foi fundada na época, nós vamos encontrar centenas de publicações sob o viés da Medicina Legal. Ou seja, o viés pericial, o viés indenizatório, o viés conceitual na perspectiva de incapacidade; a discussão, por exemplo, de nexo, a discussão de incapacidade. Isso foi feito antes de a Medicina do Trabalho começar a se estruturar, mas já no âmbito da Medicina Legal e Perícias Médicas.” (Prof. René Mendes, entrevista).

/ Fundação de importantes entidades da área

// ABPA – Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes.

Em 1941, no Rio de Janeiro, ocorre a fundação da Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes - ABPA, por iniciativa do médico sanitarista Décio Parreiras. A Seção São Paulo daquela Associação viria a ser dirigida, durante muitos anos, por um dos pioneiros da Medicina do Trabalho brasileira, Joaquim Augusto Junqueira. Uma iniciativa importante da ABPA residiu na primeira tradução para o português do livro de Bernardino Ramazzini, que ficou a cargo de outra ilustre figura, o médico do trabalho baiano Raimundo Estrêla.

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// ABMT – Associação Brasileira de Medicina do Trabalho

Em 14 de dezembro de 1944 foi fundada, também no Rio de Janeiro, então capital da República, a primeira entidade voltada para a Medicina do Trabalho, a Associação Brasileira de Medicina do Trabalho – ABMT. A iniciativa partiu de um grupo de médicos e engenheiros do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), liderados pelo médico sanitarista Décio Parreiras (ANAMT, 2018, p. 42). A ABMT foi responsável pela organização do I Congresso Brasileiro de Higiene e Segurança do Trabalho, em 1949, no Rio de Janeiro. (op. cit., p. 43).

// IBS – Instituto Brasileiro de Segurança

Este Instituto, dirigido por muito tempo pelo Eng. Eudoro Berlinck e posteriormente pelo Dr. Emílio Santiago de Oliveira, viria a atuar em estreita colaboração com o futuro Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina do Trabalho, com o qual realizou várias sessões ordinárias conjuntas (Fonte: Reminiscências, Prof. Jorge da Rocha Gomes).

Anos 1950

/ Criado o Conselho Estadual de Higiene e Segurança do Trabalho – CEHST

Em 16 de outubro de 1951 é criado em São Paulo o Conselho Estadual de Higiene e Segurança do Trabalho – CEHST. Presidido pelo Dr. Astolfo Mauro Teixeira, do Instituto de Direito Social, o Conselho tinha como Vice-presidentes o Dr. Waldomiro de Oliveira, do Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho da Secretaria do Trabalho, Indústria e Comércio, e o Sr. Octávio Pupo Nogueira, do Sindicato das Empresas de Seguros. Eram também representados nesse Conselho: a Diretoria do Serviço de Trânsito; o IDORT; o SENAI; o Instituto de Hygiene da USP, por meio do Prof. Benjamim Alves Ribeiro; o SESC; a Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio; o Instituto Oscar Freire; o Departamento de Produção Industrial; a Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes, e o SESI, representado pelo Dr. Bernardo Bedrikow, então substituindo o Eng. Fernando de Barros Ferraz. Em 1953, um novo decreto permitiu adicionar outros dois membros ao Conselho: os Institutos de Aposentadoria dos Industriários (IAPI) e dos Comerciários (IAPC).

O CEHST foi instalado em junho de 1952, dando início a uma série de reuniões ordinárias mensais sobre temas de Saúde e Segurança do Trabalho. Foram também realizadas conferências em três sessões conjuntas, com a participação do Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho – SHST e da Associação Paulista de Medicina.

/ Criado o Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho – SHST

Criado no início de 1952, o Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho da Secretaria do Trabalho, Indústria e Comércio de São Paulo realizava, quinzenalmente, reuniões técnicas “de médicos e engenheiros”, Com o objetivo de estimular estudo, apresentar resultados de pesquizas (sic), ventilar questões e propagar medidas concernentes a formação de mentalidade técnica e popular em benefício da saúde do trabalhador e diminuição de acidentes”.

A título de exemplo, seguem alguns dos assuntos então abordados. Em abril de 1952, o tema: “Alguns Aspectos de Dermatoses Profissionais e Profilaxia”, teve como relator o Dr. Heládio Francisco Capizano e, como comentadores, os Drs. Norberto Belliboni e Walter de Paula Pimenta. O Eng. Fernando de Barros Ferraz, Representante do SESI, foi o debatedor convidado. Local: Biblioteca Municipal. (Fonte: Ofício de 23/4/1952 do Dr. Waldomiro de Oliveira, Diretor

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do Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho - SHST daquela Secretaria, convidando o Eng. Fernando a participar dos debates).

Em junho do mesmo ano o tema selecionado foi “Ação do Cardiologista na Higiene e Segurança do Trabalho”, tendo como relator o Dr. Geraldo Merlino, e, como comentadores, o Dr. Marcos Fábio Lion, médico cardiologista, e o Representante do Serviço Médico do SESI [provavelmente o Dr. Bernardo Bedrikow]. Tal reunião, presidida pelo então Secretário do Trabalho, Indústria e Comércio, Dr. José Alves da Cunha Lima, contou também com a participação de “membros do C.E.H.S.T. [Conselho Estadual de Higiene e Segurança do Trabalho], médicos e engenheiros do S.H.S.T. [Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho], médicos do SESI e do SENAI, representantes do IDORT [Instituto de Desenvolvimento da Organização Racional do Trabalho], membros das CIPAS, médicos do Serviço Médico Autorizado, especialistas e outros interessados”.

O ofício que convidava o Eng. Fernando Ferraz a participar do evento enfatizava, entre os objetivos daquelas reuniões, o “tão necessário desenvolvimento, entre nós, de medidas de higiene e segurança, para maior garantia à saúde e ao bem-estar do trabalhador, aumento da ordem de produção e da produtividade, do progresso (...)”. (Fonte: Ofício de 19/6/1952 do Dr. Waldomiro de Oliveira, Diretor da SHST daquela Secretaria convidando o Eng. Fernando Ferraz, do SESI, a participar dos debates).

O foco no desenvolvimento econômico e o viés da seleção para o trabalho

Essa brevíssima síntese ressaltou algumas das ações do governo Getúlio Vargas e dos movimentos da sociedade civil que contextualizam a criação do Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina.

“Temos que lembrar que estávamos em São Paulo. São Paulo vivendo uma economia super dinâmica, a industrialização, que havia começado nos anos 20 a 30, aqui um pouco mais tardia que no Rio, que era a Capital Federal. Com o dinheiro do café, São Paulo pôde ter um desenvolvimento industrial muito acentuado, nas décadas de 40, de 50, de 60, e esse desenvolvimento industrial tanto é refletido na criação do SESI, de outras entidades para a formação profissional, assim como o IDORT2. E muitas empresas interessadas, ou necessitadas, talvez, dentro da lógica de então, já contratavam médicos do trabalho.” (Prof. René Mendes, entrevista).

Implícito na expressão “na lógica de então” está o foco dos esforços em favor do desenvolvimento industrial, do que decorria um viés muito forte de seleção de força de trabalho. O desenvolvimento industrial requeria mão de obra apta, saudável, bem como esforços para combater os acidentes e o adoecimento no trabalho.

2 O IDORT - Instituto de Organização Racional do Trabalho, foi criado em 1931, tendo como base a Taylor Society, dos Estados Unidos, com o propósito de divulgar no Brasil o processo racionalista de trabalho, a partir das ideias de Frederick W. Taylor (1856-1915). Para isso, contou com o apoio dos empresários paulistas organizados pela Associação Comercial de São Paulo, tendo à frente o engenheiro Armando de Salles Oliveira e o professor Roberto Mange, da Escola Técnica Liceu de Artes e Ofícios e da Escola Politécnica. Voltado para os aspectos organizacionais e de formação profissional, o IDORT desenvolveu seus primeiros projetos em empresas particulares, passando, posteriormente, a prestar serviços a órgãos da administração pública. Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_de_Organiza%C3%A7%C3%A3o_Racional_do_Trabalho.

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“Então, nas décadas de 40 e 50, em toda a literatura brasileira e, principalmente, na Paulista, já se veem médicos de todas as especialidades preocupados com problemas do trabalho. Os ortopedistas, os dermatologistas, os pneumologistas, não só com as pneumoconioses, que são descritas aqui em São Paulo, mais ou menos a partir da década de 30, como também com a tuberculose, que ainda era uma doença importante. Então, temos, assim, um despertar no meio médico para a importância do trabalho. E, no meu entendimento, estava amadurecendo a formação de um grupo de médicos que você chamasse médicos do trabalho. Não existia uma definição formal no meio médico. Não existia uma definição formal no âmbito do Ministério do Trabalho. Mas quase todos os médicos do trabalho vieram de outras especialidades, clínicos gerais, cirurgiões – havia muitos cirurgiões, por causa do atendimento aos acidentados do trabalho. Então, a segunda especialidade desses profissionais passou a ser a Medicina do Trabalho. Raros foram aqueles que fizeram uma formação já no que se pode chamar de Medicina do Trabalho. Que eu chamaria de Medicina Preventiva.” (Prof. René Mendes, entrevista).

A título de ilustração, o Anexo I expõe alguns resumos de trabalhos de diferentes especialidades médicas sobre questões de saúde relacionadas ao trabalho.

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A criação do Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina do Trabalho – DMT/APM3

No dia 07 de outubro de 1952 foi fundado o Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina (DMT / APM), tendo como Presidente o Dr. Heládio Francisco Capisano e, como Secretário, o Dr. Diogo Pupo Nogueira.

/ Os criadores do DMT/APM.

O relato fornecido pelo Prof. Jorge da Rocha Gomes aponta para um tripé de instâncias que basicamente deu origem aos principais líderes e determinantes do nascimento do Departamento: os médicos de fábrica, a Universidade e alguns órgãos governamentais.

// Os Médicos de Fábrica

Na época da fundação do DMT/APM, os médicos que atuavam na área de Saúde e Trabalho faziam-no exclusivamente em empresas, daí sua designação como “médicos de fábrica”. Este era o caso dos fundadores do Departamento de Medicina da APM, como: Diogo Pupo Nogueira (1919-2003), então médico da empresa Linhas Corrente; Joaquim Augusto Junqueira (1917- 1991), da Esso e da General Motors do Brasil; Felix Van Deursen, da Ford; Antônio da Silva Garcia, da Mercedes Benz; Scalea Neto, da General Motors; Aloysio Ferreira de Camargo, da Philips e do Jornal O Estado de São Paulo; Demétrio Ribeiro e Marco Sègre (1934-2016), da Volswagen; Tomanik, da Folha de São Paulo; José Gonzaga, da Vasp; Moraes Leme, da Nitroquímica; Mário Ferreira Brás, da Cervejaria Antártica; Albrecht Henel, da Chrysler, entre outros.

“Vários médicos de fábrica, que não eram nem bem reconhecidos como médicos do trabalho, (...) foram os idealizadores de uma medicina do trabalho que mais tarde passou a ser ensinada, também, na Santa Casa, em Sorocaba, sob esse título. Mas eles vieram da medicina legal, ou da cirurgia geral, ou da clínica, ou da pneumologia, como era o caso do Prof. Diogo, e se reuniram, então, para formar o Departamento, exatamente na década de maior expansão da indústria paulista, que foi a década de 50” (Prof. René Mendes, entrevista).

Entre os idealizadores e fundadores do DMT/APM, pode-se dizer que uma exceção foi o Dr. Bernardo Bedrikow, que não atuava como médico de fábrica. Graduado em medicina em 1947 na FMUSP, ele foi contratado pelo SESI – Serviço Social da Indústria em 1950. Ali, juntamente com o Eng. Fernando de Barros Ferraz, criou o Serviço de Higiene e Segurança Industrial, posteriormente Subdivisão de Higiene e Segurança Industrial, serviço que viria a ter grande influência no desenvolvimento da área de SST no país. (ANAMT, 2018).

É atribuída a ele a abertura de uma perspectiva preventiva da medicina do trabalho, como resultado da formação em nível de pós-graduação que ele fizera em Harvard, nos Estados Unidos. Nas palavras do Prof. René Mendes:

3 As informações que recuperam a criação do Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina foram extraídas, em sua maior parte, do documento inédito intitulado Reminiscências, escrito em meados dos anos 2000 pelo Prof. Jorge da Rocha Gomes, e de entrevistas realizadas para os fins deste trabalho com o Professores René Mendes e Satoshi Kitamura.

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“Tanto que ele foi contratado pelo SESI justamente para desenvolver um serviço que era principalmente um serviço de prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Dr. Bernardo é, talvez, aqui em São Paulo, o primeiro médico com essa orientação preventiva. Antes dele temos o Professor Benjamim Alves Ribeiro, que estava, vamos dizer assim, com o pé no lado da higiene ocupacional, pouco exercia a medicina propriamente dita como especialidade, como medicina ou profissão médica. Também estava interessado em outras áreas, que incluíam a fisiologia do trabalho, os processos de seleção para o trabalho, junto com o IDORT, e, vamos dizer, vários outros aspectos desse viés. Mas foi o Dr. Bernardo, talvez, o primeiro que efetivamente introduziu no Brasil esse conceito preventivo.” (Prof. René Mendes, entrevista).

René Mendes dá como exemplo o fato de o primeiro levantamento sobre riscos dos ambientes de trabalho ter sido feito em São Paulo, em 1955. Realizado pelo SESI,

foi encabeçado pelo Dr. Bernardo e pelo Eng. Silas Fonseca Redondo, entre outros, seguindo uma metodologia que era utilizada nos países da América Latina, por influência dos Estados Unidos. Eram chamados de ‘inquéritos preliminares’ – inquérito preliminar –, que era o mapeamento da situação de risco. Naquela ocasião, já se detectou uma série de problemas nos ambientes de trabalho, e as clínicas das especialidades já estavam recebendo muitos pacientes daquelas patologias clássicas ligadas ao trabalho. Na esfera da Dermatologia. Foi uma das observações desse inquérito, que 10% da população industrial estava exposta a fatores de risco de causar doenças de pele (dermatoses ocupacionais), e doenças respiratórias, e as doenças do aparelho osteomuscular.” (Prof. René Mendes, entrevista).

Uma das reminiscências do Prof. Rocha Gomes dá conta de que “durante algum tempo, Bernardo Bedrikow, Ítalo Martirani, e o engenheiro Silas Fonseca Redondo estiveram à frente de uma entidade que chamaram de Instituto de Saúde Ocupacional, cuja principal tarefa foi da de fazer um levantamento geral das condições de trabalho da Light”.4

Havia ainda alguns médicos que já trabalhavam como autônomos, realizando perícias de insalubridade, afirma Rocha Gomes.

// A Universidade

Profissionais ligados ao ensino também tiveram participação fundamental na criação do DMT/APM, com destaque para a Faculdade de Saúde Pública [então Instituto de Higiene] da Universidade de São Paulo, uma das primeiras universidades a manter atividades na área de Medicina do Trabalho.

Diogo Pupo Nogueira, além de atuar como médico na empresa Linhas Corrente, era vinculado àquele Instituto. Ali, desde 1945 atuava como Professor Catedrático o Prof. Benjamim Alves Ribeiro (1899-1988), médico com formação em Higiene Ocupacional na Universidade Johns Hopkins e um dos pioneiros da área em nosso país. Embora sua atuação não fosse voltada à prática médica, sua experiência e sólida formação científica tornaram-no o responsável pela formação da primeira geração de médicos do trabalho brasileiros, entre os quais Diogo Pupo Nogueira (que logo se tornaria seu Professor Adjunto), Joaquim Augusto Junqueira, Oswaldo

4Light Serviços de Eletricidade S/A., concessionária de energia elétrica antecessora da Eletropaulo.

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Paulino, Antônio Ferreira Cesarino Junior5 – alguns dos principais fundadores do Departamento de Medicina do Trabalho da APM e, mais tarde, da ANAMT.

Rocha Gomes relembra um fato marcante relacionado ao Prof. Benjamim Alves Ribeiro:

“Um embrião do que viria a ser, décadas mais tarde, o Serviço Médico dos SEMST foi publicado pelo Professor Alves Ribeiro na Imprensa Oficial já em 1943, incluindo modelos de formulários de interesse de um serviço de medicina industrial, orientação para a anamnese, detalhando hábitos de higiene, moradia, nutrição, entre outros, procedimentos para o exame físico e exames laboratoriais, pessoal necessário (médico e enfermeira com suas respectivas atribuições)”.

Isto ilustra o nível de expertise já então conquistado por Alves Ribeiro, que foi, posteriormente, o formador do que viria a tornar-se a nata dos especialistas paulistas.

Ainda segundo o relato elaborado por Rocha Gomes,

“O Prof. Benjamim Alves Ribeiro e seu Adjunto, Diogo Pupo Nogueira, centralizaram as atividades da especialidade no Departamento de Higiene do Trabalho. A eles se juntaram outros especialistas, como os professores Joaquim Augusto Junqueira, Bernardo Bedrikow, Eng. Silas Fonseca Redondo, Químico Herbert Stettiner, entre outros. A partir deste início, tais atividades foram se expandindo até que eles julgaram importante pensar numa entidade que pudesse congregar a comunidade dos especialistas em medicina do trabalho do Estado de São Paulo.(grifo introduzido)

À época outras Faculdades de Medicina também desenvolviam atividades na área, como relembra o Professor Jorge da Rocha Gomes, citando também os professores associados a cada uma delas:

- Faculdade de Medicina da USP – Hilário Veiga de Carvalho, Flamínio Fávero, Armando Cânger de Oliveira e Marco Sègre;

- Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP - Manildo Fávero e Waldemar Ferreira de Almeida;

- Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – Ali, segundo Rocha Gomes, “pontificou durante muitos anos o triunvirato Diogo Pupo Nogueira, Bernardo Bedrikow e Ítalo Martirani”, que inovaram no ensino da Medicina do Trabalho: o primeiro apresentava aos alunos o marco teórico e acompanhava-os em visitar à empresa onde trabalhava, Linhas Corrente; o segundo proporcionava a eles estágio no ambulatório de doenças profissionais do SESI, e o terceiro, levava-os consigo ao fazer perícias em empresas. “Um dos alunos – ressalta Rocha Gomes – foi o Dr. Luiz Carlos Morrone, que anos depois assumiu a

5 Cesarino Júnior foi uma figura extremamente influente no Direito Social, em nível nacional e internacional, e na Medicina do Trabalho. Cardone (2017) relata que, em suas Memórias, publicadas em 1982, ele registrou: “Ainda estudante de Medicina já havia publicado um artigo em 1954 na ‘Revista Paulista de Medicina’, da Associação Paulista de Medicina, sobre a necessidade da cadeira de Medicina do Trabalho, nas Faculdades de Medicina e havia visitado (1950) em Londres, Sir Francis Frasar, Diretor do Serviço Nacional Inglês de Medicina e em Milão o Professor Enrico Vigliani, do Comitê Permanente Internacional de Medicina do Trabalho, ao qual agora pertenço. – Foi mais tarde criada na Faculdade de Ciências Médicas da PUC-SP, a Cadeira de Medicina do Trabalho, a mim oferecida’”. E acrescenta: “Não a aceitei, porém, indicando para ela o Dr. José Benedito de Moraes Leme, há muitos anos competente médico do trabalho da Nitroquímica (...). Em 1962, com o falecimento do Prof. Moraes Leme, Cesarino Jr. assume a Cadeira de Medicina do Trabalho em Sorocaba, tendo como Professor Adjunto o Dr. Pedro Augusto Zaia (...)”. (CARDONE, 2017, p. 127, grifos presentes no original).

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responsabilidade pela disciplina”, onde permaneceu até 2014, ano de seu falecimento, “liderando uma plêiade de jovens colegas”;

- Faculdade de Ciências Médicas de Santos – Oswaldo Paulino, José de Andrade Grillo; - Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP – Cecília Magaldi;

- Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes - Wilmes Teixeira.

// Órgãos governamentais

No âmbito governamental, exerceram papel fundamental no planejamento e na criação do Departamento de Medicina do Trabalho da APM dois órgãos ligados à Secretaria do Trabalho, Indústria e Comércio de São Paulo, antes mencionados:

- O Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho (SHST)6, então dirigido pelo Dr. Waldomiro de Oliveira, médico e gestor de grande influência.

- O Conselho Estadual de Higiene e Segurança do Trabalho (CEHST), cujo Vice-Presidente foi o Dr. Octávio Pupo Nogueira, advogado e pai do Prof. Diogo.

Entre os Conselheiros estavam o Professor Benjamim Alves Ribeiro e o também pioneiro e futuro expoente nacional e internacional da Medicina do Trabalho, o Prof. Bernardo Bedrikow, à época substituindo o Eng. Fernando Ferraz, como representante do Serviço de Higiene Industrial do SESI.

A Diretoria de Higiene e Segurança do Trabalho (DHST) acolheu várias das reuniões do grupo que planejava a criação do DMT/APM e, depois de sua fundação, ambos implementaram várias atividades. Segundo relata o Prof. Jorge, uma daquelas atividades conjuntas consistiu na colaboração para a organização do II Congresso Americano de Medicina do Trabalho. O evento, promovido pelo Ministério de Indústria e Comércio e patrocinado do SESI/RJ, foi coordenado pela Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, com a colaboração da Associação Brasileira de Medicina Social, e realizado no Rio de Janeiro, de 20 a 28 de setembro de 1952, tendo como Presidente de Honra o então Presidente da República, Dr. Getúlio de Almeida Vargas (REBELO, 2014, p.77).

Rocha Gomes afirma que, “Embora tenha sido realizado no Rio de Janeiro, a (...) organização [desse evento] teve uma participação decisiva tanto da DHST como da APM”. E salienta ter sido tal participação “da APM”, porque à época da realização do congresso (20 a 28 de setembro de 1952), o Departamento de Medicina do Trabalho ainda não existia.

Logo após esse evento, no dia 07 de outubro de 1952, nascia o Departamento de Medicina do Trabalho da APM:

“E foi logo após o Congresso, certamente motivado pelo mesmo, que o grupo de profissionais de São Paulo achou oportuno juntar esforços para agregar os profissionais da área numa entidade de cunho profissional de medicina do trabalho. Eles optaram por sediá-la na APM, porque já havia muitas atividades da especialidade na Associação.

6 O Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho (SHST), foi posteriormente designado de Diretoria de Higiene e Segurança do Trabalho (DHST).

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Nascia, assim, o Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina” (relato do Prof. Jorge da Rocha Gomes, já citado).

A primeira Sessão Técnica Conjunta do DMT/APM foi realizada ainda no mês de outubro, com a participação de representantes dos seguintes órgãos: Conselho Estadual de Higiene e Segurança do Trabalho – CEHST, Instituto Oscar Freire, Instituto de Engenharia, Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes (Seção São Paulo) e Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho (SHST), e a colaboração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

O tema principal da sessão conjunta foi o citado II Congresso Americano de Medicina do Trabalho: além de uma apreciação sobre o evento, feita pelo Diretor da DHST, Dr. Waldomiro Oliveira, foi apresentada aos participantes uma síntese dos trabalhos premiados no evento.

Destaques da atuação do DMT/APM nos cenários nacional e internacional / Mais nomes e exemplos contribuições relevantes

No Relato Histórico que integra o livro Saúde no trabalho: uma revolução em andamento, de 2003, o renomado médico do trabalho carioca Daphnis Ferreira Souto, da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho – ABMT, do Rio de Janeiro, destaca nominalmente médicos que desenvolviam atividades na área da Medicina do Trabalho em São Paulo, e que teriam levado ao Departamento de Medicina do Trabalho da APM importantes contribuições. Entre eles:

“Waldomiro de Oliveira, José Gonzaga de Carvalho, Moraes Leme, Joaquim Augusto Junqueira, Emílio Santiago, Luiz Oriente, Hugo Ribeiro de Almeida, Aloísio F. de Camargo, J. Carvalhal Ribas, Hugo Mazzili, Antonio Pacheco Lessa, Manoel Potiguar da Rocha e Silva, Mario Ferreira Braz, Alexandre Cantanhede, José Lamartine de Assis, Generoso Concílio, Jorge da Rocha Gomes, Bernardo Bedrikow, Ítalo Martirani, Helládio Capisano, Norberto Belliboni, Diogo Pupo Nogueira, Ítalo Domingos Le Vocci e tantos outros mais” (SOUTO, 2013, p. 183).

O relato de Souto destaca, em seguida, exemplos de contribuições relevantes feitas pelo Departamento de Medicina do Trabalho da APM para a área:

Uma discussão relevante, colocada em pauta por Joaquim Augusto Junqueira em uma reunião de 1953, discutia “a necessidade de se definir o termo Medicina Industrial, usado pelos norte americanos, e solicitava esclarecimento a respeito da diferenciação – se é que havia – com relação à Medicina do Trabalho”.

“O professor Cesarino Júnior considerou – relembra Souto – ser esta última denominação a mais adequada ou, quando não, que se adotasse a expressão Medicina Ocupacional.” E acrescenta:

“O professor Cesarino adiantou, então, que em alguns setores se relutava em aceitar tal terminologia – embora tivesse sido adotada no Congresso de Lyon, em 1929. Entendia ele que a Medicina Ocupacional deveria se dedicar ao estudo e acompanhamento do trabalho em suas relações diretas com a ocupação que a pessoa exerce e o ambiente em que trabalha” (op. cit., p. 184).

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Souto informa, ainda, que aquela “já era também a denominação que [ele] introduzira no SESP7 e que vinha sendo adotada desde o início de seus trabalhos, para melhor definir sua posição doutrinária sobre a grande influência que tem o ambiente e os métodos de trabalho sobre a saúde do trabalhador” (idem).

Outra contribuição de importância e “que teve origem no Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina foi o início da discussão sobre a necessidade de um projeto que tornasse obrigatório o Serviço de Medicina do Trabalho nos estabelecimentos industriais e comerciais” (ibidem).

/ Primeiros inquéritos preliminares

Já mencionado anteriormente, o primeiro levantamento sobre os riscos dos ambientes de trabalho foi feito em São Paulo, em 1955, pelo SESI. Encabeçado pelo Dr. Bernardo Bedrikow, fundador e, à época, um dos Diretores do DMT/APM, com a colaboração do Eng. Silas Fonseca Redondo e outros, esse mapeamento seguiu uma metodologia que era utilizada nos países da América Latina, por influência dos Estados Unidos. Como afirmou o Prof. René Mendes, na ocasião foi identificada uma série de problemas nos ambientes de trabalho, e as clínicas das especialidades já estavam recebendo muitos pacientes daquelas patologias clássicas ligadas ao trabalho.

“Foi uma das observações desse inquérito, que 10% da população industrial estava exposta a fatores de risco de causar doenças de pele (dermatoses ocupacionais), e doenças respiratórias (as pneumopatias), e as doenças do aparelho osteomuscular (...).” (Prof. René Mendes, entrevista).

A realização dos inquéritos preliminares, na década de 1950, apontou as dermatoses e as pneumopatias como “os grandes vilões da indústria paulista da época”. As poeiras e algumas substâncias químicas tóxicas foram identificadas como importantes fatores de risco, sendo que, em todas as especialidades, começava a haver “um despertar para o adoecimento”, como aponta Mendes.

/ A excelência das sessões ordinárias

Cada um dos Departamentos Científicos da Associação Paulista de Medicina tinha um dia do mês fixado para a realização de sua sessão ordinária, como eram chamadas as reuniões em que se discutiam temas científicos, relatos de casos e temas correlatos. Cabia à Secretaria da APM divulgar informações sobre os temas a serem apresentados para a imprensa. Os resumos dos trabalhos eram depois publicados no Suplemento Informativo da Revista Paulista de Medicina, distribuída a todos os sócios da APM. (Fonte: Carta de 17/01/1962 do Secretário Geral da APM ao Dr. Diogo Pupo Nogueira, parabenizando-o pela eleição para a Presidência do DMT/APM).

O Prof. René Mendes ressalta, em sua entrevista, que ter a oportunidade de apresentar trabalhos no Departamento de Medicina do Trabalho da APM era uma distinção e motivo de

7SESP - Serviço Especial de Saúde Pública, criado no Rio de Janeiro em 1942.

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orgulho para os profissionais, pela chancela de qualidade que isso conferia aos trabalhos e seus autores.

Nos Anexos I e II reproduzimos, a título de exemplo, alguns resumos de trabalhos científicos apresentados à época da criação do DMT/APM. No Anexo I podem ser vistos alguns resumos publicados entre 1938 e 1950, de trabalhos de outras especialidades médicas que tratavam de temas de saúde relacionados ao trabalho. No Anexo II são reproduzidos resumos de trabalhos apresentados nas sessões ordinárias do próprio Departamento de Medicina do Trabalho da APM nos anos de 1952 e 1953.

/ A criação da ANAMT

O grupo de especialistas que criou o Departamento de Medicina de Trabalho da Associação Paulista de Medicina liderou também a criação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho – ANAMT, em 26 de março de 1968. Este fato não só reflete a força política dos médicos do trabalho de São Paulo, à época, como explica a relação extremamente próxima que marcou a ação destas entidades, relação esta que passou a envolver também, a partir de 1989, a Sociedade Paulista de Medicina do Trabalho – SPMT, federada de São Paulo denominada posteriormente de Associação Paulista de Medicina do Trabalho – APMT.

Álvaro Frigerio Paulo, Ex-Presidente da SPMT/APMT e da ANAMT, acompanhou de perto os fatos acima e esclarece:

“A mesma turma que tocava a ANAMT tocava também o Departamento. O Departamento era mais para as reuniões científicas – apresentação de casos, discussões da legislação, e mesmo aulas sobre algum tema que fosse interessante para a Medicina do Trabalho; a ANAMT era mais no sentido de agregar todos os médicos do Brasil; e a APM tocava essa parte científica. Mas eram as mesmas pessoas: Diogo [Pupo Nogueira], Bernardo [Bedrikow], [Joaquim Augusto] Junqueira, [Luiz Carlos] Morrone... Na verdade, quem frequentava a Sociedade, o Departamento de Medicina do Trabalho, eram os médicos das empresas: naquele tempo, a atividade era só nas empresas.” (Álvaro Frigerio Paulo, entrevista).

Satoshi Kitamura, Professor de Medicina do Trabalho (aposentado) da UNICAMP, da “segunda geração” dos médicos do trabalho de São Paulo, foi frequentador assíduo das reuniões científicas do DMT/APM e das reuniões da ANAMT, e reitera as informações de Álvaro:

“O Departamento de Medicina do Trabalho da APM existia para congregar os médicos do trabalho do Estado. Às vezes as coisas se misturavam, porque eram sempre as mesmas pessoas: Diogo, Bernardo, [Oswaldo] Paulino, Junqueira, Pedro Zaia, Morrone, talvez; Jorge da Rocha Gomes, talvez. Assim como depois aconteceu com Jorge, René, Satoshi e outros.” (Satoshi Kitamura, entrevista).

Rocha Gomes destaca, ainda, como exemplo da estreita cooperação entre o DMT e a ANAMT, o fato de os presidentes paulistas da entidade terem sempre utilizado as instalações do DMT para seus eventos.

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/ Cooperação em Congressos

Por congregar, como já vimos, alguns dos maiores especialistas da Medicina do Trabalho brasileira, o Departamento de Medicina do Trabalho esteve envolvido na organização de importantes eventos científicos, dentre os quais:

// III Congresso Pan-americano de Medicina do Trabalho

Realizado pela ANAMT na cidade de Santos, em 1968, o evento “marcou época nos anais da Medicina do Trabalho brasileira, graças aos esforços do Prof. Oswaldo Paulino, pelo número de participantes e pela intensa programação técnica e, principalmente social, que incluiu até uma viagem de navio ao Rio de Janeiro, tudo por conta do Congresso”. (Rocha Gomes, Reminiscências, s/d).

// V Congresso Americano de Medicina do Trabalho

Por delegação da União Americana de Medicina do Trabalho, então presidida pelo Dr. Pedro Reggi, o DMT organizou o V Congresso Americano de Medicina do Trabalho, de 15 a 21/03/1964, em São Paulo, com patrocínio do Governo do Estado, através da Secretaria do Trabalho, Indústria e Comércio. Rocha Gomes relembra que o evento atraiu a presença de renomados especialistas, estrangeiros e brasileiros, entre os quais: Juan Kaplan, da Argentina; Alberto Gumiel, da Bolívia; Ramon Vallenas, César Carlin e Cesar Macher, do Perú; Roberto Acosta, da Colômbia; Erich Schmidt, da Venezuela; Herman Oyanguren, do Chile; Gustavo Viniegra, do México, e J. J. Bloomfield, da Organização Panamericana da Saúde – OPAS. Entre os profissionais brasileiros, participaram: os Professores Benjamim Alves Ribeiro, Antônio F. Cesarino Jr. e Oswaldo Paulino, Zey Bueno, Hugo Mazzili, Évio Santos Bustamante, Hugo Firmeza e o Eng. Silas Fonseca Redondo.

// I Congresso da ANAMT

Planejado pelo DMT/APM, o I Congresso da ANAMT ocorreu em São Bernardo do Campo, em 1977, tendo incluído o I Concurso de Título de Especialista em Medicina do Trabalho.

/ Cooperação no aprimoramento da legislação

Em 1970, o DMT foi requisitado pelo então Secretário de Segurança e Saúde do Trabalho, José Faria Pereira de Souza, para apreciar a minuta de uma Portaria que disciplinava a organização dos serviços de Medicina do Trabalho nas empresas. Tal minuta – afirma Rocha Gomes – “se restringia à área da medicina”, tendo sido depois adequada para inclusão da área de Engenharia de Segurança e Enfermagem do Trabalho. “O DMT ofereceu sugestões que foram depois incorporadas na publicação da Norma Regulamentadora No. 7”.

No início da década de 1980, David Boianovski, Secretário de Segurança e Saúde do Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho, requisitou parecer do DMT “sobre pedido da Organização Internacional do Trabalho – OIT para análise de anteprojetos referentes aos convênios e resoluções sobre os Serviços de Saúde no Trabalho. Uma comissão foi designada para essa atividade, que, junto com outras colaborações, redundou no Convênio 161 e na Resolução 171.

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Parte destas disposições da OIT foram incorporadas posteriormente à NR No. 7” (Rocha Gomes, op. cit.).

/ Cargos de destaque ocupados por membros do DMT/APM

Relembra o Prof. Jorge que muitos dos especialistas do quadro associativo do DMT exerceram cargos importantes, tanto em nível nacional, quanto internacional.

Alguns exemplos: Bernardo Bedrikow, Organização Internacional do Trabalho – OIT; Vicente Marano, Centro Latino-americano de Segurança e Saúde no Trabalho da OIT – CLASET; René Mendes, CLASET, OPAS, International Commission on Occupational Health – ICOH; Diogo Pupo Nogueira, Organização Mundial da Saúde – OMS e ICOH; Jorge da Rocha Gomes, OIT, OPAS, Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e ICOH; Oswaldo Paulino, ICOH. Em nível nacional, Rocha Gomes aponta que associados do DMT exerceram cargos: nos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Emprego; no Ministério Público do Trabalho; na FUNDACENTRO; em nível estadual, menciona: Secretaria do Trabalho e Emprego; Secretaria da Saúde e várias Varas de Justiça. E, em nível municipal: Secretaria Municipal da Saúde, entre outros.

/ Duas ressalvas importantes

Rocha Gomes finaliza suas Reminiscências ressaltando dois aspectos importantes da história da criação do DMT que acabam por “brilhar”, ali, pela ausência: as interações do DMT com entidades sindicais e a participação das mulheres na Medicina do Trabalho.

Sobre o primeiro aspecto, ele assim justifica:

“naquela época, os sindicatos não dispunham de profissionais da área. Isto só veio a acontecer muitos anos depois, quando, ainda muito incipientemente, alguns sindicatos começaram a estruturar serviços especializados. Como exemplo, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo contratou um médico do trabalho, Dr. Primo Brandimiller, somente lá pela década de oitenta do século passado. Mais tarde ainda, o Dr. Rodolpho Repullo, também desse sindicato, integrou a diretoria do DMT.”

Quanto à participação feminina à época, ele relembra:

se podia contar nos dedos das mãos o número de mulheres que se dedicavam à medicina do trabalho, como foi o caso da Dra. Celina Wakamatsu (IBM), aqui em São Paulo, a Dra. Thalita do Carmo Tudor no Rio de Janeiro (DRT) e a Dra. Jandira Dantas (DRT e FIEPE) em Pernambuco.”

O Departamento de Medicina do Trabalho da APM aos 68 anos

Um histórico que representasse fiel e detalhadamente a riqueza das atividades e contribuições científicas e políticas do DMT/APM para a Medicina do Trabalho brasileira teria muitíssimas páginas mais que este. O pioneirismo e a excelência técnico-científica ali concentrados, desde o início, teriam merecido um registro detalhado.

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Embora isso seja impossível, pelas razões expostas no início, esperamos que a leitura deste breve histórico tenha o poder de fornecer um vislumbre da importância do Departamento de Medicina do Trabalho da APM, não só como polo aglutinador dos grandes especialistas da Medicina do Trabalho do passado, mas também pela sua qualidade de entidade fundante, inspiradora de iniciativas de grande relevância, como a criação da Sociedade/Associação Paulista de Medicina do Trabalho, hoje (2020) com 30 anos de existência.

A partir de 1989, em regime de fusão com a Sociedade – hoje Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT), o Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina permanece vivo.

Que sejam celebrados com profundo respeito os seus 68 anos, a serem completados no dia 07 de outubro de 2020.

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COMPOSIÇÃO DAS DIRETORIAS8 E

RELAÇÃO DAS REUNIÕES ORDINÁRIAS DO DMT / APM

(Versão revisada e completada em 2020 por Lô Galasso9)

DATA OBS.

ASSUNTO



1952

Presidente: Heládio Francisco Capisano

Secretário: Diogo Pupo Nogueira

07/10/1952

31/10/1952

07/11/1952

Reunião de Constituição1ª Sessão – Sessão Técnica Conjunta (CEHST, IOF, IE, ABPA Seção São Paulo e SHST), com a colaboração da CNTI e da FIESP. - Apreciação sobre o 2º Congresso de Medicina do Trabalho, organizado pela ABMT, no Rio de Janeiro, de 20 a 28/09/1952 - - Waldomiro de Oliveira. - Sentido das Aplicações Práticas decorrentes do 2º Congresso Americano de Medicina do Trabalho - Eng. Eudoro Berlinck. - Agradecimento ao Governo do Estado de São Paulo pelo interesse junto 2º Congresso Americano de Medicina do Trabalho - Prof. A. F. Cesarino Junior.- O fator humano na gênese dos acidentes do trabalho – Diogo Pupo Nogueira – Ver Resumo no Anexo I - Higiene das indústrias de cimento – Drs. Heládio Francisco Capisano, Abrahão Rottberg, Norberto Belliboni e Walter de Paula Pimenta (com exibição de um filme sobre o assunto). - O problema da sífilis cardiovascular na indústria – Drs. José Martins de Barros e Manoel Brito Ávila.




8 Os mandatos da Diretoria do DMT/APM eram de um ano, conclusos em dezembro. Com a criação da Sociedade Paulista de Medicina do Trabalho – SPMT, em 1989, passaram a ter duração de dois anos, até 1996, quando passaram a ser trienais.

9 As correções e inserções feitas neste Quadro encontram-se em azul e tiveram por base a consulta aos documentos originais do acervo do Departamento de Medicina do Trabalho da APM.

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19/11/1952 12/1952

26/02/1953 26/03/1953

Reabilitação, trabalho de equipe - Fernando Boccolini.- Inquérito Sanitário na Indústria de Acumuladores - Eng. Ernani Andrade Fonseca - Aspectos Clínicos do Saturnismo - Heládio Francisco Capisano - Diagnóstico Laboratorial de Saturnismo - Otávio Arminio Germek - Modificações Hematológicas no Saturnismo - Otávio Arminio Germek - Profilaxia do Saturnismo - Generoso Concílio - Tratamento do Saturnismo - Roberto Lemos Monteiro.



1953

1ª Diretoria:

Waldomiro de Oliveira

Heládio Francisco Capisano

Luiz Oriente

- Gripe e Absenteísmo na Indústria - Diogo Pupo Nogueira - Ver Resumo no Anexo II - Problemas de Higiene Industrial, o Laboratório Especializado de Lima - Eng. Silas Fonseca Redondo - A função dos operadores de campo na higiene industrial - Eng. Georges Taylor.- Dois anos de atividade no serviço de reabilitação do SESI – Fernando Boccolini - Exame médico pré-admissional e periódico do trabalhador em São Paulo - Waldomiro de Oliveira.




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29/04/1953

26/05/1953 26/06/1953

29/07/1953

26/08/1953 29/09/1953 26/10/1953

- Pesquisa de Tóxicos nos Ambientes de Trabalho da Indústria de Viscose - Eng. Salo Loebinan - Riscos na fabricação e manipulação da viscose - Antônio Gonçalves da Silva - Riscos profissionais ligados a fabricação da viscose - José de Moraes Leme – Ver Resumo no Anexo II- Surdez profissional das caldeiras de ferro - Hugo Ribeiro de Almeida - Reabilitação profissional dos hansenianos egressos - Vinício de Arruda Zamith.- Aspectos psicossomáticos da medicina do trabalho - Heládio Francisco Capisano - Resumo no Anexo II - Aspectos psicossomáticos dos acidentes de trabalho - João Carvalhal Ribas- Considerações sobre a origem da “questão social” como problema espiritual - Horst Haebisch - O que foi a Conferência de Saúde Industrial de 1953 realizada em Los Angeles - Emilio Santiago de Oliveira - Padronização da função ventilatória: estudo preliminar em 205 casos normais - Horst Haebisch – Ver Resumo no Anexo II.- Neuropatias periféricas e capacidade de trabalho - José Lamartine Assis - Estatísticas em acidentes do trabalho - José de Moraes Leme.- Hérnias inguinais e acidentes de trabalho - Luiz Oriente - Cardiopatias e capacidade de trabalho – Geraldo Merlinho e Renato A. Godoy.- Ensino da Medicina do Trabalho em EEUU - Cesarino Júnior - Esquistossomose e moléstia do trabalho – Samuel B. Pessoa




20

26/11/1953

26/11/1953

29/12/1953

26/03/1954

26/04/1954

- Reunião Extraordinária – No livro do Departamento de Radiologia e Eletro Médico (sic)- Precauções necessárias na utilização de isótopos radioativos - Tede Eston - Normas para proteção e controle ulterior do pessoal dos serviços de raio X - Miguel Centola- Síndrome de Irradiação. Efeitos tardios. - Miguel Centola



1954

Diretoria:10

Waldomiro de Oliveira

Diogo Pupo Nogueira

Luiz Oriente

- Critério de Aplicação de Benefícios em Face da Lei 2531 de 12/01/1954. Ponto de vista do radiologista - Carlos Campos Pagliuchi - Idem. Ponto de vista do especialista em Moléstias Pulmonares -Antonio Carlos Moraes Passos - Idem. Ponto de Vista do especialista em medicina ocupacional - Waldomiro de Oliveira- Aspectos do exame médico pré-admissional e periódico de trabalhadores em São Paulo - Waldomiro de Oliveira - Emissão e revalidação dos certificados de saúde no interior - Humberto Pascale e José Brickman - O exame médico na seleção profissional - Arnaldo Vasconcellos Filho.




10 Outra composição aparece no documento original (Pasta DMT/APM, seção 1954): José Gonzaga F. de Carvalho, Bernardo Bedrikow e Antônio Ferreira Prado.

21

26/05/1954

27/07/1954

26/08/1954

29/09/1954 26/10/1954

Sinusite na Indústria - Como o problema se apresenta ao médico de fábrica - José de Moraes Leme - O que pensa o radiologista - Mario Finocchiaro - O que pensa otorrinolaringologista – Silvio Morrone - O que pensa o serviço de higiene e segurança do trabalho - Generoso Concílio - O que pensa o legista – José Batista de Oliveira Costa Jr.O Cardiopatia Perante o Trabalho - O ponto de vista do médico selecionador - Hélio Lobo - O que pensa o médico da fábrica - Diogo Pupo Nogueira - Ponto de vista do cardiologista - Bernardino Franchesi - Ponto de vista médico-legal - Cesarino JuniorAlergia e Medicina do Trabalho - Ponto de vista do médico do trabalho - Julio Crice - O problema da alergia do trato respiratório alto - João Ferreira de Mello - O problema da alergia do trato respiratório baixo - Hugo Cerello - O problema da alergia em dermatologia - Ernesto Mendes.- Aspectos fisicológicos da fadiga - Horst Haebisch - O ambiente e a fadiga – Ary Ernani Fonseca - Psicotécnica da fadiga – Engo. Luiz de Castro SetteO trabalho sob condições de temperatura elevada - Ponto de vista do médico ocupacional - Heládio Capisano (D. Pupo Nogueira) - Ponto de vista do fisiologista do trabalho - Horst Haebisch - Ponto de vista do higienista do trabalho - Ary Ernani Fonseca




22

26/11/1954 27/12/1954

24/02/1955 26/04/1955

A Mulher e o Trabalho - Ponto de vista do médico do trabalho - Nelson A. P. Sampaio - Perturbações menstruais e trabalho - Paulo de Godoy - Gravidez e trabalho - Domingos Andreucci- Iluminação dos locais de trabalho - Ernani Andrade Fonseca - Condicionamento de cores na indústria - Mario Ferreira Braz



1955

Diretoria:

Diogo Pupo Nogueira

Bernardo Bedrikow

Mário Ferreira Braz

Varicocele e Trabalho - Ponto de vista de cirurgião - Eurice Branco Ribeiro - Ponto de vista do médico do trabalho - José Moraes Leme - Ponto de vista do legista - João Batista de Oliveira e Costa Jr.Higiene Mental e Trabalho - Ponto de vista do médico da fábrica - Luiz Visone - Ponto de vista do psiquiatra - João Carvalhal Ribas - Higiene mental e aviação - Horácio Belfort de Matos




23

26/05/1955 27/06/1955 26/08/1955

26/09/1955 26/10/1955

Dor Lombar e Trabalho - Ponto de vista do médico do trabalho - Benedito Ignácio Barbosa - Ponto de vista do ortopedista - Geraldo Alves Pedroso - Ponto de vista do fisioterapeuta - Roberto TalibertiMoléstias Ocupacionais Pulmonares - Antônio Carlos Moraes Passos - Juarez Amaral - Marcos Antônio Nogueira CardosoConceito de Medicina Industrial - Diogo Pupo Nogueira - Joaquim Augusto Junqueira - Bernardo Bedrikow Discussões sobre Influenza - Aspectos etiológicos e diagnósticos laboratoriais - Luiz Augusto Ribeiro do Valle - Aspectos epidemiológicos – Leopoldo Augusto Ayrosa Galvão - Implicações em medicina do trabalho – Diogo Pupo NogueiraVisão e Trabalho - Ponto de vista do oftalmologista - Paulo Braga Magalhães - Ponto de vista brasileiro sobre reabilitação - Dorina Gouveia Nowill - Ponto de vista da Organização das Nações Unidas - Ernest Harold Getlijj



-

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28/11/1955 16/12/1955

27/02/1956 26/03/1956

26/04/1956

Seguro contra Acidentes do Trabalho - Repr. empresas de seguros privados - Eng. Adalberto Corinaldi - Clovis Negrão Pereira – Esso Standart do Brasil - José de Moraes Leme – Cia. Nitroquímica Brasileira- Racionalização do Trabalho Intelectual - Edmundo Vasconcellos



1956

Diretoria:

José de Moraes Leme

Mário Ferreira Braz

Joaquim Augusto Junqueira

- Organização do Trabalho Intelectual - A. C. Pacheco e Silva- Homenagem ao Professor Flamínio Fávero, por ocasião de sua aposentadoria na cátedra de Medicina Legal da FMUSP - Cesarino Junior - Relações da medicina legal com a medicina do trabalho - Flamínio FáveroEfeitos Patológicos das Irradiações - Patogenia da Síndrome da Irradiação - Tede Eston - Profilaxia e tratamento do (sic) síndrome da irradiação - Waldomiro de Oliveira




25

28/05/1956

26/06/1956

27/08/1956

26/09/1956 28/12/1956

Ptose Renal e Trabalho - O que pensa o clínico geral - Ulisses de Andrade e Silva - O que pensa o radiologista - Eduardo Cotrin - O que pensa o urologista - Geraldo de Campos Freire - O que pensa o legista – Arnaldo Amado Ferreira - O que pensa o médico de fábrica – Diogo Pupo NogueiraO Assistencialismo organizado em função do trabalho - O problema da promoção das classes trabalhadoras - Lavinia M. G. de Vasconcelos - O assistencialismo e a medicina do trabalho - Geraldo Merlinho - O assistencialismo e o lar - Eng. Glauco D’AlessandroAlguns Aspectos Ocupacionais da Indústria Vidreira na Capital Paulista - Alguns aspectos relativos à medicina do trabalho - Diogo Pupo Nogueira - Alguns aspectos fisiológicos - Horst Haebisch - Alguns aspectos relativos a higiene do trabalho - Silas Fonseca RedondoRelações entre a Atividade Mecânica e a Atividade Humana – João Carvalhal Ribas- Epilepsia e capacidade para o trabalho – José Lamartine Assis - O eletrodiagnóstico nas neuropatias periféricas – Wilson Brotto



1957

26

26/02/1957

26/03/1957 26/04/1957

27/05/1957 26/06/1957

Diretoria:

Bernardo Bedrikow

Joaquim Augusto Junqueira

Miguel Pallis

- As cefaleias sob o ponto de vista do otorrinolaringologista - Rafael da Neva - As cefaleias do ponto de vista do oftalmologista - Antônio de Almeida - Ponto de Vista do Médico do Trabalho - José de Moraes Leme- Respostas a um questionário e estudo de sugestões relativas ao Departamento de Medicina do Trabalho - Bernardo Bedrikow- Levantamento dos serviços médicos industriais existentes em São Paulo - Bernardo BedrikowO Trabalho Industrial do Tuberculoso Clinicamente Curado - Experiência numa fiação e tecelagem de algodão - Diogo Pupo Nogueira - Experiência do Hospital São Luiz Gonzaga - Ítalo João de Stefano e Luiz Dias Andrade - Experiência de Dispensário Anti-Tuberculose do Serviço Social da Indústria - Nelson Mattei Garrap e Domingos MinervinoFadiga Operacional do Aviador - Conceito, etiopatogenia, sintomatologia - Vitor Pereira - Profilaxia e tratamento - José Gonzaga Ferreira de Carvalho




27

26/08/1957

26/09/1957 16/10/1957 19/12/1957

10/01/1958 26/02/1958

Enfermagem Industrial - Situação de enfermagem industrial em nosso meio - Miguel Pallis - Atuação num ambulatório médico industrial - Maria Eddi Salatine - Formação e treinamento de enfermeiros para a indústria - Filomena Chiarello Spera- Psicologia do Ruído e da Música na Indústria – Noemy Silveira Rudolfer- Ruído e produtividade – Emílio Mira y Lopez - Preparo de uma Seção Extraordinária e Eleição



1958

Diretoria:

Joaquim Augusto Junqueira

Miguel Pallis

Emil Sabbaga

Problema da Incapacidade Temporária - Lamartine Marquez de Assis - Américo Neste - Diogo Pupo Nogueira - Ernesto de Moraes Leme- Discussão da Posição de Leis que criem os Serviços Médicos Obrigatórios em Empresas com mais de 100 Empregados - Joaquim A. Junqueira




28

26/03/1958

04/1958

05/1958

26/06/1958

26/08/1958 24/10/1958

02/11/1958

- Condições térmicas na indústria - Eng. Maurício Torloni - 1º Seminário de Saúde Ocupacional em Lima, Peru - Bernardo Bedrikow- Dieta do Trabalhador Industrial - Helena Alba Pinto de C. P. Baldo - Toxi-Infecções Alimentares nos Trabalhadores Industriais - Yaro Ribeiro Gandra- Exame Médico do Trabalhador Industrial - Joaquim Augusto Junqueira- Organização de um Curso de Medicina do Trabalho. Estudos de Sugestões - Joaquim Augusto Junqueira- Alguns aspectos cardiológicos e o trabalhador industrial - Ernesto de Azevedo - Manual de procedimentos padronizados para a enfermagem na indústria - Joaquim Augusto Junqueira- Deontologia e Medicina do Trabalho – Flamínio Fávero Sessão conjunta com a Academia de Medicina de São Paulo e o Departamento de Dermatologia da APM Dermatoses Profissionais - José Moraes Leme - Walter Belda - Bernardo Bedrikow - Napoleão Domite




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02/12/1958 17/12/1958

Medicina Industrial na Atualidade em São Paulo - Aspectos curativos - José Trajber - Aspectos preventivos - Manuel Garcia - Ponto de vista do Departamento Pessoal - José Marcondes BeniaminoPlanejamento de exames periódicos – Bernardo Bedrikow Reunião Ordinária: Diretoria para 1959



1959

Diretoria:

Aloysio Geraldo Ferreira de Camargo

José Gonzaga F. de Carvalho

Bernardo Bedrikow

Última informação do

documento datilografado DMT/APM /amvs, que abrange De 07/10/52 a 17/12/1958.

30

26/02/1959

30/03/1959

27/04/1959 26/05/1959

26/06/1959 26/08/1959

28/09/1959

Posse da nova Diretoria. - Acidentes com os modernos inseticidas – Waldemar Ferreira de Almeida- Absenteísmo e doença – Joaquim Augusto Junqueira - Atividade do SESI em Medicina Preventiva – Bernardo Bedrikow - Trabalho de equipe nos serviços médico-sociais – Martinus Pawel.Acidentes oculares no trabalho – Alfredo Rocco e Rubens Belfort Mattos Lesões traumáticas da mão. Incidência, prevenção de sequelas e tratamento – Alípio Pernet Filho e Orlando GranerRuído na indústria. Sua avaliação e prevenção e seus efeitos nocivos sobre a audição – Adelmo Mello Souza Leão, com a colaboração do Prof. Leslie CardosoTratamento das intoxicações que ocorrem na fabricação de rayon pelo processo da viscose – José Florence (São José dos Campos).- Ausentismo: discussão em Mesa Redonda, orientada por Joaquim Augusto Junqueira - Critério para encaminhamento dos acidentados no trabalho ao Seguro. Estudo conjunto com a Seção de Medicina Industrial do Instituto Brasileiro de Segurança



1960

Diretoria:

Sem informação

Informações colhidas dos documentos originais (pastas A-Z).

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Reuniões sob a forma de debates, dedicadas a problemas de importância para o médico que presta serviço em indústria. Alguns dos temas debatidos: 1. Em que fase da admissão de um candidato deve ser procedido o exame médico? 2. Quais os documentos que o médico deverá exigir para iniciar o processo de seleção dos candidatos? No rodapé deste documento constam duas orientações: “Comunicação aos jornais” e “Circular aos diretores médicos do SESI, IAPI, IAPTEC, IAPC, FORÇA POLICIAL DO ESTADO, DIRETORIA DE SAÚDE DA 2ª REGIÃO MILITAR, POLICLÍNICA DA AERONÁUTICA, DIRETORIA DE SAÚDE DA 2ª ZONA AÉREA, SECRETARIA DE SAÚDE, FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS, ABPA, INSTITUTO BRASILEIRO DE SEGURANÇA. Inspeção médica especializada para a seleção inicial de candidatos ao trabalho Exame médico inicial para a seleção de candidatos a emprego. Prosseguimento dos debates: 1. Metodização dos exames para seleção sumária inicial dos candidatos. 2. Necessidade de fichas profissiográficas para estabelecimento de critérios para rejeição de candidatos. Palestra do Eng. Theodore Hatch, professor de Higiene Industrial na Escola de Saúde Pública da Universidade de Pittsburg, sobre assuntos ligados às pneumoconioses.Sessão conjunta com a Divisão de Engenharia Industrial do Instituto de Engenharia. 1. Aspectos médicos da insalubridade – Bernardo Bedrikow, do DMT/APM. 2. Aspectos de engenharia (sic) – Eng. Luiz Perissé Duarte, da Divisão de Engenharia Industrial do I.E. e Eng. Pedro Monteiro Gondim, da Divisão de Higiene Industrial da Fundação SESP. 3. Aspectos legais – Astolfo Mauro Teixeira, do Conselho Estadual de Higiene e Segurança do Trabalho. Documento técnico estabelecendo as premissas para a Mesa Redonda sobre Doenças Profissionais, sua Conceituação e sua Comprovação.



02/1960

25/03/1960

27/04/1960

08/06/1960

26/10/1960

No documento original, a continuação dos debates foi prevista para 28 de março de 1960,

mas não consta

documento que ateste este fato.

Sem informação sobre Palestrante.

30/11/1960 Ver Anexo 1961

32

27/02/1961

21/03/1961 27/03/1961

Diretoria:

Vicente Cerulli11

Presidente: José Gonzaga Ferreira de Carvalho

Posse da Diretoria eleita para 1961 Debates sobre o tema: Perícias médico-legais nas doenças profissionais. Ofício do Presidente com o programa do ano.Tema: Perícias médico-legais nas doenças profissionais, em especial: varizes, sinusite e conjuntiviteCarta de demissão do Presidente do DMT/APM ao Presidente do Departamento Científico da APM. Índices de capacidade no exame de seleção na admissão. Revisão.Psiconeuroses e Trabalho Debates sobre o tema: Dor lombar e Atividade Profissional: sua incidência, suas causas e seu tratamento. Debates sobre o tema: Dor lombar em Medicina do Trabalho.




18/05/1961 Sem indicação do sucessor.26/09/1961 28/08/1961

26/09/1961

28/11/1961

28/12/1961

1962

Diretoria:

Diogo Pupo Nogueira

11 Vicente Cerulli renunciou ao cargo em 18/05/1961.

33

26/02/1962 06/04/1962

26/04/1962 27/05/1962

28/05/1962

26/06/1962 06/1962

Sessão conjunta com a Seção de Medicina Social da Academia de Medicina de São Paulo - Stress e Trabalho – José Gonzaga Ferreira de Carvalho (Coordenador); Bernardo Bedrikow, Clemente de Lôlo Filho, Egon Falkenberg e Horácio N. Belfort de Mattos (Assessores).Reunião extraordinária. Simpósio sobre Insalubridade e Trabalho, sob a Presidência do Dr. André Franco Montoro, Ministro do Trabalho e da Previdência Social. - Coordenador: Bernardo Bedrikow - Relatores: José Luís Vasconcelos (Juiz do Trabalho); Zey Bueno (DHST do MTPS; Murilo Queiroz (SHST-DRT/SP); Mário Toledo de Moraes (Industrial); Eng. Manoel Carvalheiro (Industriário); Rubens Galdino Ferreira de Carvalho (Advogado); Joaquim Augusto Junqueira (Médico), Silas Fonseca Redondo (Eng. Industrial).Alergia em Medicina do Trabalho - Alergia a inalantes – João Ferreira de Mello - Alergia a contactantes – Luiz Dias Patrício e Norberto BelliboniTrês Mesas Redondas sobre Critério para Rejeição de Candidatos ao Trabalho Mesa Redonda 1 - Critérios para rejeição de candidatos às Forças Armadas (com a participação de médicos da Aeronáutica, do Exército e da Força Policial do Estado). Mesas Redondas 2 e 3 – Critérios de rejeição de candidatos a emprego em empresas comerciais e industriais, do ponto de vista: - Do clínico geral; do cirurgião; do radiologista; do oftalmologista; do otorrinolaringologista; do ortopedista, e de outras especialidades médicas.Simpósio sobre Queimaduras e Trabalho 1. Queimaduras como Acidente do Trabalho – Albrecht Henel e Raul Couto Lucena 2. Cuidados gerais no tratamento das queimaduras – Úrio Mariani 3. Cuidados locais: prevenção e correção das sequelas das queimaduras – Ary do Carmo Russo 4. O problema da recuperação funcional do paciente queimado – Walter Carneiro. 5.Reunião conjunta com o Departamento de Oftalmologia. Tema: Acidentes oculares no trabalho. Coordenador: Paulo Braga Magalhães 1. Acidentes oculares do trabalho. Generalidades – Fábio Guimarães Lobo 2. Queimaduras oculares por ácidos e bases – Paulo Braga Magalhães 3. Prevenção dos acidentes oculares do trabalho – Maury Atanes 4. Agentes e causas dos acidentes oculares do trabalho – Rafael Treiger 5. Aspectos educacionais dos acidentes oculares do trabalho – Srta. Beni Arruda 6. Aspectos técnicos da prevenção dos acidentes oculares do trabalho – Isac Thomas Cabrera (OIT)Carta recebida do Presidente da AMB informando convite para participação na 7ª edição das Jornadas Nacionais de Medicina do Trabalho em Paris, de 17 a 19/9/1962, e pedindo indicação de colegas paulistas integrantes do DMT/APM.



Dessas Mesas Redondas seriam extraídas Normas a serem recomendadas pelo DMT/APM e apresentadas Em plenário, em junho de 1962, para adoção pelos Serviços de Medicina do Trabalho em São Paulo.

34

23/08/1962 28/09/1962

26/11/1962

Temas: 1. Os aspectos patológicos e as incidências psicofisiológicas da divisão dos horários de trabalho; 2. Os canhotos no trabalho. Doenças cardiovasculares e seleção médica inicial dos candidatos a emprego.Carta do Presidente do Instituto Brasileiro de Segurança (IBS), Eng. Eudoro Berlinck, para o Prof. Henrique Mélega, da APM, sobre Portaria No. 262/62, sobre “Insalubridade dos Ambientes de Trabalho e os acréscimos salariais decorrentes dos diversos graus de insalubridade que o quadro anexo à Portaria classifica”. A carta relata as resoluções adotadas pelas Divisões de Higiene e Medicina do Trabalho e de Problemas Jurídicos do IBS, presididas respectivamente por Diogo Pupo Nogueira e Marcello Donneux Affonseca, relacionadas a: 1) Necessidade de esforços urgentes para “a organização dos limites de tolerância previstos no Art. 3º da Portaria, e 2) Reunir uma comissão para organização de uma Tabela de Limites de Tolerância aplicáveis ao ambiente brasileiro. A Portaria cita o Art. 6º do Decreto-lei No. 2.162, de 1º/05/1940, que dispôs sobre “as indústrias insalubres, graus de insalubridade e acréscimos salariais”. Insalubridade e trabalho médico. Relatores: Bernardo Bedrikow, Miguel Pallis, Eça Pires de Mesquita e José Gonzaga Ferreira de Carvalho.



1963

Diretoria:

Joaquim Augusto Junqueira12

Deste ponto em diante, volta

a haver informações em texto

datilografado do DMT/APM.

28/10/1963

- Etiopatogenia da dor lombar - Orlando Pinto de Souza - Hérnia do disco intervertebral - Manlio Napoli - Causas neurológicas da dor lombar - Waldemar Sacramento




12 Fonte: Ofício do Prof. Joaquim A. Junqueira, de 17/04/1963, sobre o V Congresso de Medicina do Trabalho, 1964, realizado em São Paulo.

35

29/11/1963 e 30/11/1963

12/12/1963

26/02/1964

26/03/1964 27/04/1964

Sessão conjunta com a Regional de Piracicaba da APM (Presidente: Dr. Alcides Aldrovandi). - Ensino e prática da medicina do trabalho - Diogo Pupo Nogueira e Joaquim Augusto Junqueira - Avaliação dos problemas de higiene industrial - Bernardo Bedrikow e Engo. Celso A. Rugai - Pneumoconioses: diagnóstico – Ítalo João De Stefano - Dor lombar como doença profissional - José Soares Hungria



1964

Diretoria:

Hugo Mazzili

Victor Américo Cucé

Bernardo Bedrikow

- Programa para 1964 - Hugo Mazzilli - O Congresso Americano de Medicina do Trabalho (1964) - Joaquim A. Junqueira - Indicações de peritos médicos pela APM - Victor Américo Cucé- Transformação do Departamento de Medicina do Trabalho em departamento especializado autônomo - Hugo Mazzilli - Estudo do anteprojeto do Código do Trabalho - A. F. Cesarino Junior - Endosso da AMB às modificações do anteprojeto do Código do Trabalho elaborado pelo departamento - Flores Soares- Anteprojeto de Lei regulamentando a atividade dos médicos de empresas – Diogo Pupo Nogueira




36

26/06/1964 26/08/1964

26/09/1964

27/09/1964

29/10/1964 18/12/1964

Em colaboração com a Associação dos Chefes de Pessoal de São Paulo (Presidente: Sr. Monteiro). - Apresentação do substituto ao Código do Trabalho do projeto do Prof. Evaristo de Moraes Filho, elaborado pelo Departamento de Medicina do Trabalho - Hugo Mazzilli- Parada respiratória e cardíaca – John LaneEm colaboração com a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (Presidente: Dr. Waldo Rolim de Moraes). - Homenagem póstuma ao Dr. José de Moraes Leme. Criação do Instituto José de Moraes Leme na Faculdade de Medicina da PUC de Sorocaba - A. F. Cesarino Junior- Reabilitação profissional na Previdência Social - João Caetano da Silva Junior - Reabilitação e exame admissional de candidatos - Wanda Reichstein Gonda - Análise de 93 casos de reabilitação da Superintendência Regional do Serviço de Reabilitação Profissional em São Paulo (SUSERPS) - Ana Maria Tarabai, Marilena A. Bueno e Wilma S. Mayer - Legislação previdenciária e trabalhista e sua influência sobre a colocação dos deficientes - Nair Lemos Gonçalves - Resultado da reabilitação de 168 portadores de deficiência física no Instituto de Reabilitação da Universidade de São Paulo - Roberto Taliberti, Wilma S. Mayer, Salvador Dal Prete e Eunice L. de MoraesEm colaboração com o Serviço de Reabilitação Profissional do Hospital São Luiz Gonzaga – Jaçanã (Diretor: Dr. Italo João De Stefano). - O aproveitamento do tuberculoso curado no trabalho industrial - Ítalo João Stefano- Discussão do anteprojeto do Código do Trabalho nos capítulos de higiene, segurança, medicina do trabalho e reabilitação profissional



1965

37

23/02/1965 26/03/1965 13/04/1965

23/06/1965

Diretoria:

Victor Américo Cucé

Octávio O. dos Santos

Pedro A. Zaia

- Prevenção de Acidentes do Trabalho na ICOMINAS - Péricles Freire - Varizes e Trabalho - José Finocchiaro - Hipertensão Arterial e Trabalho – Mário da Costal Galvão Em colaboração com o Departamento Médico da Valmet do Brasil S.A. Mogi das Cruzes (Diretor: Dr. Wilmes Roberto). - Ocorrência, Diagnóstico e Tratamento da Elaioconiose Folicular. Apresentação de 8 casos - Wilmes Roberto- Conclusão do Curso sobre Salubridade dos Locais de Trabalho para os Magistrados da Justiça do Trabalho, promovido pela Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes (APBA) - Hugo de Brito Firmeza, Hélio M. Guimarães e Eng. Jorge Duprat de FigueiredoEm colaboração com o Departamento Médico da Mercedes Benz do Brasil S.A., São Bernardo do Campo (Diretor: Dr. Antonio da Silva Garcia). - Instituição de um prêmio para estudo sobre Medicina do Trabalho - Julien Czapski - O Problema da Intoxicação pelo Chumbo na Indústria Automobilística, e - Plano de Mesas Redondas sobre Doenças do Trabalho em Face da Lei




38

26/08/1965

15/09/1965

20/10/1965 26/10/1965

26/11/1965 15/12/1965

Em colaboração com a Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes na Convenção de Presidentes de CIPA, Santo André (Presidente: Dr. Victor Geraldo Simonsen). - Prevenção de Acidentes na Indústria - Ruy Cortesi - Motivação Psicológica do Homem na Prevenção de Acidentes - Luiz Dias de Andrade - Motivação Técnica do Homem na Prevenção de Acidentes - Silas Fonseca Redondo - Importância da Prevenção de Acidentes no Desenvolvimento Industrial. Motivação Econômica - Ruy Aguiar da Silva Leme - Aspectos de Higiene e Segurança do Trabalho em nosso Meio - Joaquim A. Junqueira - O Pneumático como causa de acidentes – Eng. Carlos Magistrini- Aspectos do Seminário Inter-Regional sobre Saúde Ocupacional da Organização Mundial da Saúde (Moscou, 1966) - Bernardo Bedrikow - Aspectos da Higiene e Segurança do Trabalho na França - Carlos R. M. Ramos- A Portaria nº 491 do MTPS: Revisão dos Quadros de Ocupações Insalubres - Bernardo Bedrikow- Programa a ser Desenvolvido na Semana de Prevenção de Acidentes, 1965Convênios dos Institutos de Previdência Social, seu interesse para a Medicina do Trabalho - Representando a Indústria – Hugo Mazzili - Representando o IAPI - Álvaro R. Coelho - Representando o Serviço Médico - Norberto Scheidegger- Poluição Atmosférica e suas Relações com a Saúde Ocupacional – Eng. Durval João Canella - Nota Prévia: Estudo de Serviços Médicos de Empresas - Diogo Pupo Nogueira



1966

39

25/02/1966 28/03/1966

Diretoria:

A. F. Cesarino Junior

Pedro A. Zaia

Joaquim A. Junqueira

Simpósio sobre Medicina do Trabalho - Serviço Médico da Refinaria Presidente Bernardes (Petrobrás) - Oswaldo Paulino - Serviço de Higiene e Segurança do Trabalho da Delegacia Regional do Trabalho – Durval Clemente - Delegacia Regional do IAPI em SP – Clóvis Chenaux - Carteira de Acidentes do Trabalho do IAPI – Heitor Massuci - Subdivisão de Higiene e Segurança Industrial do SESI-SP – Bernardo Bedrikow - Divisão de Assistência Social do SESI – Palmiro Rocha - Divisão Médica do IAPC - Milton César Ribeiro - Criação de um Prêmio “Medicina Social” da Policlínica Central – São Paulo - Julien Czapski - Criação de um Instituto de Saúde Ocupacional em SP – - Joaquim A. Junqueira - Os Estatutos do projetado Instituto de Saúde Ocupacional em SP - Nair Lemos Gonçalves - Programa de Ação da Comissão Intermunicipal de Controle de Poluição do Ar e da Água em SP – Eng. Durval J. Canella - O Sindicato das Empresas de Seguros Privados - Humberto Roncarati - Conclusão do Curso de Atualização para Inspetor de Segurança promovido pela Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes em SP - Jairo Maria Brentan- Readaptação no Serviço Público Estadual em SP - Eugênio M. de Oliveira Netto - Reabilitação Profissional - Fernando Boccolini - Reabilitação Profissional - Ítalo João de Stefano - Reabilitação Profissional – Nair Lemos Gonçalves




40


- O Instituto de Saúde Ocupacional de Lima, Peru - César Macher - Saúde Ocupacional da América Latina - Silas F. Redondo - Saúde Ocupacional no Brasil. Necessidades Atuais do nosso Meio - Bernardo Bedrikow - Histórico do Projetado Auxílio da Organização Internacional do Trabalho para a Criação de um Instituto de Saúde Ocupacional no Brasil - A. F. Cesarino Junior - Plano Financeiro do Projetado I.S.O., no Brasil – Joaquim A. Junqueira - Esforço do M.T.P.S. para a Criação do I.S.O. no Brasil - Hugo de Brito Firmeza



27/04/1966

1967

Diretoria:

A.F. Cesarino Junior13

1968

Diretoria:

Oswaldo Paulino14

1969 a 1970 – sem informação

1971

Diretoria:

Felix Van Deursen15

Jorge da Rocha Gomes

Fim das informações constantes do

documento datilografado DMT/APM que abrange as Reuniões Ordinárias de Outubro de 1963 a abri De 1966.

13 No livro A ANAMT e sua história (São Paulo: ANAMT, 2002, p. 72), em homenagem póstuma ao Professor Antônio F. Cesarino Júnior, o Professor Oswaldo Paulino afirma que aquele fora Presidente do DMT/APM no ano de 1967. 14 O Professor Paulino assume a Presidência do DMT/APM no dia 26/03/1968, data de fundação da ANAMT, em substituição ao Prof. Cesarino Jr., que, a convite do primeiro, assumiu a Presidência da associação nacional (op. cit.). 15 A composição desta diretoria consta do já citado relatório inédito, sem data, sobre a criação do DMT/APM, de autoria do Prof. Jorge da Rocha Gomes, e foi confirmada por ele na entrevista concedida para os fins deste trabalho.

41

1972

Diretoria:

Jorge da Rocha Gomes16

Alexandre Pinto

1973 – 1980

Sem informação sobre eventos e, até 1988, sobre Diretorias 1981

Vídeo: “Viva bem com a coluna que você tem” e entrega do título de especialista AMB e ANAMT



1982

Silicose nos trabalhadores de Minas de Ardere - Eduardo AlgrantiA Fiscalização nos Ambientes de TrabalhoA Medicina do Trabalho e a Prevenção de Acidentes do TrabalhoEpidemia de Saturnismo em Franca (relato das observações realizadas em um trabalho de campo) - Luiz Carlos MorroreAtividades de Medicina do Trabalho a Nível Internacional - Bernardo BedrikowMesa Redonda: Trabalhos em TurnosCiclo de Debates sobre Patologia Clínicas Cirúrgicas e o Trabalho



1983

07/12/1981

30/03/1982 29/04/1982 03/05/1982

08/06/1982

11/08/1982 26/10/1982

22 à 25/11/82

16 A composição desta diretoria consta de relatório inédito, sem data, sobre a criação do DMT/APM, de autoria do Prof. Jorge da Rocha Gomes, e foi confirmada por ele na entrevista concedida para fins deste trabalho.

42

25/02/1983

29/03/1983

11 à 14/04/1983 24/05/1983

04/10/1983

17 à 20/10/1983

26 a 29/03/1984 26/03/1984

27/03/1984

28/03/1984

27/08/1985

Criação da Sociedade Brasileira de Medicina HiperbáricaCiclo de reuniões sobre formas alternativas de assistência médica ao trabalhadorCiclo de debates sobre patologia clínica e cirúrgica e o trabalhoSaúde ocupacional e os Estados Unidos da América do Norte – atual perspectiva - Daniel M. BermanDiscussão e aprovação de proposta de código de conduta para médicos do trabalhoA saúde nas fábricas



1984

I Ciclo de Debates sobre a Atuação do Médico do Trabalho e NR07Ruído: Aplicação da tabela de Fowller – Diogo Pupo NogueiraÍndices biológicos de exposição: Aplicabilidade e custos – Henrique V. D. Rosa e Reinaldo FariaExames médicos periódicos: Periodicidade e vantagens – Luiz Antonio Cannebley Bittencourt e Joaquim A. Junqueira



1985

As atividades atuais da FUNDACENTRO – Luiz Carlos Morone




43

26/11/1985

28/08/1986

02/10/1986

18 e 19/02/1987 12/03/1987

11/06/1987

04/05/1988

24/05/1988

07/06/1988

30/06/1988

Política da fiscalização da Delegacia Regional do Estado de São Paulo



1986

Atualização em Riscos Ocupacionais – José Tarcísio P. Buschinelli A Participação dos Médicos do Trabalho na Implantação do Sistema Unificado de Saúde – Lia Jiraldo Augusto, K. Otani, Mário Bonciani e Jorge de Rocha Gomes



1987

Serviços Médicos: Presente e FuturoSaúde Mental e Trabalho – Cristophe Déjours AIDS – Medicina do Trabalho



1988

Ciclo de Discussões sobre TenossinovitesLiminar de tolerância para levantamento manual de cargas: Categoria americano – Eng. Garrey Herrin Doença profissional, critérios de caracterização e encaminhamentoSurdez profissional – caracterizado, critérios para exame admissional




44

23 e 24/08/1988 22 e 23/09/1988 19/10/1988

04/07/1989

07/12/1989

Ciclo de exposições e debates: Como eu projeto em Medicina do TrabalhoO Poder Público e a Medicina do TrabalhoPalestra: AIDS e Trabalho



1989

Gestão 1989-1991

Presidente: Nelson Chaves

Discussão dos Estatutos da SPMTCRIAÇÃO DA SOCIEDADE PAULISTA DE MEDICINA DO TRABALHO – SPMT. A nova entidade mantém o vínculo com o DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO da ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, que, portanto, completa 68 anos de existência em 2020. (Linha do Tempo relativa à SPMT/APMT em documento separado).



BIBLIOGRAFIA

ANAMT. A ANAMT e sua história. São Paulo: Fundacentro / ANAMT, 2002.

ANAMT. ANAMT: 50 anos em 50 histórias / Leonilde Lô Mendes Ribeiro Galasso. São Paulo: ANAMT – Associação Nacional de Medicina do Trabalho, 2018.

BUONO NETO, Antonio e BUONO, Elaine Arbex. Perícia e processo trabalhista. 2ª ed. Curitiba: Gênesis, 1995.

CARDONE, Marly A. Professor Cesarino – o anticonformista. São Paulo: Ed. do Autor, 2017.

REBELLO, Paulo. Celebrando as conquistas e construindo o futuro: 70 anos da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho. Rio de Janeiro: ABMT, 2014.

ROCHA GOMES, Jorge. Reminiscências. Documento inédito, sem data, cedido pelo autor para os fins deste trabalho.

SOUTO, Daphnis Ferreira. Saúde no trabalho: uma revolução em andamento. 2ª ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional / Sesc Nacional, 2013.

45

ANEXO I

Exemplos de resumos de trabalhos publicados na Revista da Associação Paulista de Medicina nos anos 1940 e 195017 sobre temas de saúde relacionados ao trabalho

SECÇÃO DE DERMATOLOGIA E SIPHILOGRAPHIA

Reunião ordinária de 11 de agosto de 1938, presidida pelo Dr. Oliveira Ribeiro e secretariada pelo Dr. Mendes de Castro.

DERMATITE POR HYPERSENSIBILIDADE À CAVIUNA

Dr. Abrahão Rotberg

“O A. apresenta o caso de um indivíduo que no décimo segundo dia de seu serviço como serrador de madeiras, foi victima de uma dermatite aguda, na face, pescoço e membros superiores, nas regiões expostas ao contacto do pó de serragem. A epidermo-reacção com as serragens das diversas madeiras com que o doente trabalhara, revelou uma hypersensibilidade nítida e exclusiva à caviuna. O estudo das fracções químicas dessa madeira ainda não foi realizado.

Comentários: - Dr. Oliveira Ribeiro: Considerou que a dermatologia, entre nós, está tomando um aspecto mais dynamico, pois, casos como o que foi relatado passavam despercebidos, nem chegando a despertar attenção.”

***

SECÇÃO DE DERMATOLOGIA E SIFILOGRAFIA

Reunião Ordinária de 11 de junho de 1943, presidida pelo dr. João Paulo Vieira e secretariada pelos Drs. Fernando Alayon e José Aranha Campos (ad hoc).

SOBRE A PATOLOGIA DAS DERMATOSES PROFISSIONAIS

Prof. Dr. Mário Artom

“O A. faz interessantes considerações sôbre as dermatoses que podem ser consideradas profissionais e sua patologia, chamando a atenção para a falta de trabalhos em nosso meio sobre este assunto, e a sua magna importância, em face das novas leis sociais, que visam proteger os trabalhadores contra as doenças profissionais.”

17 O material aqui apresentado foi gentilmente cedido pelo Prof. René Mendes, na forma de fotocópias.

46

SECÇÃO DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA PLÁSTICA

Reunião Ordinária de 17 de julho de 1943, presidida pelo Dr. Mário Otoni e secretariada pelo Dr. Sílvio Marone.

OUVIDO E AVIAÇÃO – ALTERAÇÃO DA AUDIÇÃO NOS AVIADORES

Dr. J.E. de Rezende Barbosa

“A aviação, na guerra atual, caracteriza-se pelo aumento vertiginoso na velocidade das máquinas voadoras e pela docilidade com que as mesmas obedecem, tanto um avião quadrimotor quanto um monomotor, às mais complexas manobras em vôo planado, em vôo ascendente ou descendente. Ao lado de tudo isso o teto útil dos aviões conta-se por cifras incríveis e o tempo de duração de vôo, em alguns tipos alcança dias.

De outro lado, entretanto, êsses atributos indiscutíveis de progresso a que atingiu a arma aérea, só foi possível com o aumento desproporcionado na potência dos motores, acarretando, sem dúvida, um ruído intensíssimo. Esse ruído das modernas aeronaves, principalmente nos multimotores, é o responsável por um tipo de surdez a que estão sujeitos os homens da aviação, não só o pessoal das supra estruturas como o das infra-estruturas. Trata-se da surdez por ruído, dos aviadores.

Das vantagens da elevação, cada vez mais acentuada pelos progressos da mecânica, do teto útil dos aviões, atingindo, às vezes, cerca de 9.000 metros e da facilidade com que algumas máquinas obedecem às mãos do piloto proporcionando mergulhos infernais, caindo em 30 segundos cerca de 6.000 metros, tudo isso veio condicionar, também, no organismo do material humano alterações mecânicas para o lado do aparelho auditivo caracterizadas por lesões traumáticas no ouvido médio – a aerolite média ou surdez por diferença de pressão.

Esses fatos, sem dúvida, careceriam de importância imediata, afora o desgaste do material humano, tão precioso, se não considerássemos a importância capital, única mesmo que desfruta a função auditiva na moderna aviação. Ao lado da vista e do aparelho cárdio-vascular, a função auditiva ocupa lugar na primeira fila.

Portanto, inicialmente, está reservado ao otorrinolaringologista responsável pelo pessoal da aviação, civil ou em operações de guerra, a seleção dos mais aptos em relação à função auditiva ou manter as equipes em operações com sua audição em alto grau de eficiência durante todo o tempo. As informações que a equipe de um avião recebe através de seus ouvidos são vitais para a execução e progresso do voo. As ondas de rádio constituem hoje a larga estrada dos espaços infinitos. Pelo uso inteligente e simultâneo das informações fornecidas pelo rádio e pela leitura dos instrumentos de voo cego, as grandes aeronaves conseguem transpor com segurança as maiores distâncias sem ver, uma só vez, a superfície terrestre. Através das ondas radiofônicas e, portanto, através dos ouvidos, a aterrissagem necessária, o consumo de combustível, além de receber, através de seus ouvidos, o destino, a direção mais curta e segura do objetivo a atingir, ou o meio firme e seguro de aterrissar na escuridão.

A ótima capacidade auditiva necessária aos elementos da equipe de um avião não se torna evidente somente para comunicação com os elementos das infra-estruturas que os dirige, em suma, com o verdadeiro rádio-farol, mas é importantíssima na intercomunicação entre os diversos elementos da esquadrilha em voo e, principalmente, na intercomunicação entre os diversos elementos da mesma equipe (piloto, aeronavegador, radiooperador, bombardeador, metralhadores de cauda, dorso e ventre), de uma maneira toda especial o piloto que, além de receber diferentes e contínuas mensagens do aeronavegador e do bombardeador quando sobre o objetivo, necessita de seus ótimos ouvidos afim de descobrir a simples alteração de ritmo nos motores, principalmente nos aviões multimotores onde torna se necessário manter a sincronização dos mesmos.

47

Após esse rápido apanhado, de acordo com os recentes trabalhos de Campbell, Armstrong e Heim, Fenton e outros nos Estados Unidos, Dickson, Fry e outros elementos da R.A.F. na Inglaterra, o Autor estuda, em todos os seus pormenores, o mecanismo provável das surdezes profissionais dos aviadores, tanto a surdez por diferença de pressão dos ingleses ou aerolite média dos americanos, como a surdez por ruído tão característica em antigos pilotos de aviões abertos.

Após discorrer sobre os requisitos mínimos necessários aos aviadores, quanto à sua função auditiva, insiste na necessidade de uma acumetria rigorosa e toda especial, pois a audição, para o aviador, implica não somente na boa audição em relação aos sons puros, mas também na habilidade em ouvir, reconhecer e interpretar sinais acústicos, em resumo, é necessária certa habilidade em interpretar sinais, dados pela voz ou sinais morse, fornecendo uma resposta exata e rápida.

Finalizando, o Autor projeta um filme elucidativo.”

***

DEPARTAMENTO DE OTORRINOLARINGOLOGIA

Sessão ordinária de 17 de julho de 1950, presidida pelo Dr. Rubens Vuono de Brito CORPO ESTRANHO NO NARIZ E ACIDENTE DO TRABALHO

Dr. Sylvio Marone

“O autor relatou um caso de corpo estranho do nariz representado por uma placa de alumínio que ali esteve durante mais de 16 meses. A penetração no nariz se deu por ocasião de uma explosão de caldeira com a qual o paciente estava trabalhando, tendo sido lançado alumínio em fusão (cuja temperatura é de cerca de 660º C) à altura de 5 metros. Foram atingidos também a face, os membros superiores, os olhos, ocasionando temporária perda total da visão. Do fundo de saco conjuntival de ambos os lados foram retiradas pequenas placas de metal pelo oculista. O paciente procurou o Hospital das Clínicas por apresentar distúrbios funcionais do nariz, tais como dificuldade respiratória e acúmulo de secreção catarral fétida do lado correspondente. A retirada do corpo estranho se fez mais ou menos facilmente, verificando-se tratar-se de uma placa de 6 cm de comprimento por 2 cm de altura, com as formas modeladas do septo, assoalhado do nariz, cornetos e meatos. A fosse nasal, em seguida à retirada do corpo estranho, apresentava evidente processo cicatricial derivado da queimadura. Não houve, porém, destruição das demais formações anatômicas a não ser muito pequena perfuração da cartilagem quadrangular. A função olfativa estava preservada. O autor teceu comentários quanto à raridade do achado e se deteve em apreciações médico-legais, principalmente infortunísticas, a que o caso dá oportunidade.

Comentários – Dr. Antonio Corrêa: É preciso fazer um estudo anátomo-patológico para se saber se houve destruição de elementos nobres, pois acho que, curado o dano, não sabe como o legista possa resolver o problema da indenização.

Dr. Rubens Vuono de Brito: Desejo referir um acidente provocado por uma polia. A fragmentação da correia no rosto de um operário fez aparecer um corpo estranho no etmóide, muito tempo depois do acidente. Por meio de exame minucioso no nariz do paciente verifiquei tratar-se de um pedaço de couro que afundou pelo etmóide adentro.”

48

ANEXO II

Exemplos de resumos de trabalhos apresentados ao DMT/APM e publicados na Revista da Associação Paulista de Medicina nos anos 1952 e 195318

DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO

FATOR HUMANO NA GÊNESE DOS ACIDENTES DO TRABALHO

Diogo Pupo Nogueira

Diretor clínico do Serviço Médico da Cia. Brasileira de Linhas para Coser

Trabalho apresentado no Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina do Trabalho em 7 de novembro de 1952.

RESUMO

“O autor estuda 194 acidentes ocorridos numa indústria têxtil paulistana no período de ano e meio, mostrando que 80,4% dos mesmos foram devidos a fatôres exclusivamente humanos. Mostra que as principais causas dêsses acidentes são a falta de cuidados essenciais, básicos, ditados pelo bom senso, e a flagrante desobediência a regras de segurança estabelecidas pelo empregador. Lembra que a luta inconsciente entre Capital e Trabalho está sempre latente, e que ela leva o operário a uma rebeldia àquelas regras de segurança. Aconselha a educação bem orientada da massa operária, o que deveria ser feito preferìvelmente pelos organismos de que façam parte os trabalhadores. Finalizando, destaca a importância do médico da fábrica na prevenção de tais acidentes.”

DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO

Sessão ordinária – 26 de fevereiro de 1953

Presidente – Dr. Waldomiro de Oliveira

Gripe e absenteísmo na Indústria. Dr. Diogo Pupo Nogueira.

Resumo – “O autor estudou a incidência da gripe numa fábrica têxtil paulistana no período de 1948 a 1952. Durante êsse período o total de horas perdidas por qualquer moléstia foi de 406.608 horas, sendo que a gripe condicionou a perda de 66.512 horas (16,3% do total). Entretanto, das 5.443 ausências causadas por doença, 2.813 foram provocadas pela gripe, o que eqüivale a dizer que aproximadamente 52% das ausências tiveram essa causa. Mostrou o autor que a produção depende mais da variação do número de pessoas trabalhando num determinado período do que do número de horas perdidas por essas mesmas pessoas; não obstante provocar perda de relativamente poucas horas de serviço, o grande número de casos de gripe que surge por ocasião das epidemias influi decisivamente no sentido de diminuir a produção. Aconselha o autor o uso das vacinas antigripais, cujo principal inconveniente está no preço, e termina

18 O material aqui apresentado foi gentilmente cedido pelo Prof. René Mendes, na forma de fotocópias.

49

concitando os estudiosos da Medicina do Trabalho para que dediquem seus esforços à profilaxia dessa moléstia, de tanta importância para a vida econômica do país.”

DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO

Sessão ordinária – 29 de abril de 1953

Presidente – Dr. Waldomiro de Oliveira

Riscos profissionais ligados à fabricação da viscose. Dr. José de Moraes Leme.

Resumo – “O autor aponta, inicialmente, quais os tóxicos mais perigosos e mais comumente empregados na fabricação da viscose: o dissulfureto de carbono, o gas sulfídrico e o hidrogênio sulfurado. A seguir, expõe os riscos a que estão expostos os operários em cada uma das operações efetuadas para o preparo da viscose. Descreve os sintomas das intoxicações agudas e crônicas, causadas pelos diferentes tóxicos, dando o tratamento indicado para as mesmas. Dedica especial atenção à questão da profilaxia das intoxicações, o que é feito de dois modos: melhorando os mecanismos de proteção dos locais de trabalho (planificação e construção, instalação do maquinário e sua manutenção, exames repetidos da atmosfera dos locais de trabalho) e dedicando especial atenção aos operários. Êstes últimos devem ser submetidos a rigoroso exame pré-admissional: exame biométrico, vacinação contra varíola, exame clínico completo e exames de laboratório, especialmente provas de função hepática. Os operários são classificados de acôrdo com os achados médicos e encaminhados para funções compatíveis com seu estado psicossomático. Uma vez admitidos, os operários são submetidos a exames médicos periódicos, recebendo instrução perfeita quanto aos perigos a que estão expostos e quais os meios de preveni-los. Termina lembrando que os riscos continuam sempre presentes e não devem ser menosprezados.”

DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO

Sessão ordinária – 26 de junho de 1953

Presidente – Dr. Waldomiro de Oliveira

Aspectos psicossomáticos da medicina do trabalho. Dr. Heládio Francisco Capisano.

Resumo – “Inicialmente, o autor falou da repercussão do trabalho sôbre o sistema nervoso, mostrando a variabilidade dos fatôres que intervêm sôbre este último, a questão do trabalho leve, do trabalho exaustivo, da hipóxia respiratória, da hipóxia circulatória, das reações visuais, acústicas e tácteis, da inibição do trabalho estático sôbre os reflexos condicionados, das alterações liquóricas, do trabalho mental, do costume do trabalho e da diminuição da fadiga pelo costume. Passou, a seguir, às manifestações fisiológicas do trabalho mental, destacando os fenômenos circulatórios, respiratórios, motores e musculares. Referiu-se, depois, à aplicação da medicina psicossomática do trabalho, destacando o conhecimento da personalidade do operário, as medidas gerais (informação e observação sistemáticas, orientação profissional, estudo profissiográfico, profissiotécnica pedagógica, seleção profissional), a natureza do trauma psíquico e as circunstâncias ambientais. Finalmente, apresentou um formulário para interrogatório psicossomático.”

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DEPARTAMENTO DE MEDICINA DO TRABALHO

Sessão ordinária – 29 de julho de 1953

Presidente – Dr. Waldomiro de Oliveira

Padronização da função ventilatória: estudo preliminar em 205 casos normais. Drs. Horst Haebisch, José Meira Cardoso e Luís Gastão de Serro Azul.

Resumo – Foram apresentados os resultados observados, na CMTC e no Hospital das Clínicas, a respeito da função ventilatória. Os observandos foram divididos em 4 regiões: eram todos brasileiros. Foram calculados os valores da capacidade vital, ventilação e ar residual, esta pelo método de Horst Haebisch. Estudaram separadamente os brasileiros do Norte e do Sul, encontrando maior capacidade vital nos do Sul (questão alimentar etc.). Pretendem observar 1.000 casos, para encontrar uma fórmula que sirva ao nosso meio.”

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ANEXO III

Página 1 de 3 de texto técnico

pertencente ao acervo do DMT sem indicação de autoria.

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